A realização do plebiscito para decidir sobre a possível divisão do Pará e criação de duas novas unidades da federação está promovendo alianças inusitadas na política paraense. Neste período de campanha, é possível ver, lado a lado, adversários que até bem pouco tempo atrás ocupavam trincheiras completamente opostas. O movimento pela separação do Pará e a reação contrária conseguiu eliminar, pelo menos temporariamente, as barreiras partidárias e ideológicas. O que tem contado agora é a questão geográfica.
Adversários de longa data, a prefeita de Santarém, Maria do Carmo Martins (PT), e o deputado federal Joaquim de Lira Maia (DEM) são um retrato das alianças que a campanha plebiscitária tem criado. Há pouco tempo, era impossível imaginá-los num mesmo evento e mais ainda ocupando uma mesma mesa. Hoje, têm viajado juntos pelo Baixo Amazonas e ocupado o mesmo palanque para defender a criação do Estado do Tapajós.
A convivência frequente reduziu as animosidades, aponto de os dois até trocarem impressões sobre a administração de cidade (Lira Maia também já foi prefeito de Santarém). “Temos diferenças políticas oceânicas, mas nessa convivência temos até descoberto pontos pessoais em comum”, diz Maria do Carmo. Para se ter uma ideia da rivalidade entre eles, Lira Maia é autor de várias ações que pedem a perda do mandato de Maria do Carmo.“Essa nossa luta é um exemplo importante de democracia”, diz Lira Maia, afirmando que a boa convivência entre os dois líderes têm incentivado a baixa de armas entre os correligionários.
Em Belém, a campanha do Não à Divisão colocou lado a lado três pré-candidatos à prefeitura de Belém: o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB),o deputado federal ARNALDO JORDY (PPS) e Edmilson Rodrigues (PSol). No lançamento da logomarca da frente, Edmilson fez um discurso em defesa da união e anunciou que, nessa batalha, seguiria as orientações do “comandante Zenaldo”.
O segredo da boa convivência entre os adversários tem sido não tratar de eleições e evitar debates ideológicos no período da campanha. “Se tocarmos nas nossas diferenças, vamos inviabilizar o processo”, afirma o presidente da Frente Contra Carajás, deputado federal Zenaldo Coutinho.
“Ou todo mundo se une ou teríamos problemas. Esta é uma luta suprapartidária”, confirma Maria do Carmo Martins, que defende a criação do Estado de Tapajós.
“Ou todo mundo se une ou teríamos problemas. Esta é uma luta suprapartidária”, confirma Maria do Carmo Martins, que defende a criação do Estado de Tapajós.
Adversários em Marabá, o prefeito Maurino Magalhães e o deputado estadual João Salame também têm impressionado pela relação não exatamente amigável, mas menos tensa.
“Estamos no mesmo palanque porque a causa é maior que nós. Ao contrário do que falam, o interesse não é político eleitoral. Estamos pensando em resolver os problemas de milhares de pessoas e a criação de novos Estados é a melhor maneira. Não podemos deixar que brigas localizadas interferiram. A dinâmica da vida política, às vezes, empurra a gente para escolhas que a gente não esperava”.(fonte Diário do Pará)
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